Notícias

Crônica: Caçando Jabuti…

Por Marcio Melo @marciomelo.foto

Durante toda a noite em São Paulo, desde o caminho para a festa do 65º prêmio Jabuti e durante toda a cerimônia, muitas memórias foram sendo resgatadas, assim como Damião revisitou sua jornada na caminha noturna do romance de Josué Montello que nós, do Poesia do Olhar, nos inspiramos para fazer o nosso livro “Tambores”.

A todo momento, entre uma memória e outra, ouvia ao fundo o som dos tambores ancestrais ressoando, era o coração disparado por termos conseguido chegar tão longe com nosso projeto “São Luís sob a Luz dos Tambores”, naquele momento vinha à mente desde as conversas iniciais despretensiosas, passando por várias leituras, passeios fotográficos, discussões, pesquisas e várias descobertas, seja sobre Montello, história do Maranhão ou nós mesmos; pois certamente cada um que participou do projeto descobriu em si um potencial que até então desconhecia.

Mas isso não é tudo, novas memórias também foram criadas naquele momento, com a importância de representar a cultura do Maranhão na prestigiada disputa nacional literária no “Eixo Inovação”, categoria “Fomento a Leitura”; especialmente, no ano em que o principal homenageado foi Pedro Bandeira, um dos maiores nomes da literatura brasileira infanto-juvenil, que ressaltou em seu discurso a importância desse tipo de literatura como responsável pela existência dos futuros leitores, críticos e pensantes; uma fala que teve um peso ainda maior por ter sucedido a notícia alarmante de que o Brasil teria perdido cerca de 4,6 milhões de leitores nos últimos anos, segundo dados trazidos pela Câmara Brasileira do Livro.

Nesse momento, dei por mim quanto a responsabilidade da categoria que disputávamos, uma missão ainda maior do que o prêmio em si, o nosso livro não era mais um simples produto, era um meio catalisador para impactar na formação de novos leitores, que alcançamos não só combinando fotografia, literatura e pesquisa histórica; mas também com as exposições fotográficas e palestras para o público juvenil da rede pública de ensino, assim como, a distribuição de cerca de 30% da tiragem do livro para bibliotecas e órgãos público ligados a cultura do estado; tudo isso colaborando para o debate da questão racial, tema principal da nossa obra.

E, talvez por isso, a perda do prêmio para um coletivo de mulheres indígenas de lideranças e escritoras, que tem a frente uma nordestina, assim como nós; longe de nos desanimar, muito nos honrou por estarmos lá fazendo parte de uma conquista tão importante para a representatividade no meio cultural.
Assim, ao estarmos no Teatro Municipal de São Paulo naquela noite, na festa máxima da literatura nacional, nos tornamos parte de uma história que inspira e deixa um legado, especialmente, de que o Maranhão possui talentos, dos mais diversos, para fazer frente as melhores produções culturais do Brasil.

Então, se o Jabuti que caçamos, dessa vez não veio; cedo ou tarde, não nos escapará…